quarta-feira, 7 de outubro de 2009

10- Pyrococcus furiosus


Pyrococcus furiosus

Uma espécie extremofílica do domínio Archea. É muito conhecida pelo seu ótimo crescimento a uma temperatura de 100 °C (a temperatura que destruiria a maioria dos organismos vivos) e por ser um dos poucos organismos identificados como possuindo enzimas contendo tungsténio, um elemento raramente encontrado em moléculas biológicas.

Propriedades
Conhecida por sua duplicação rápida, que gira em torno de 37 minutos sob condições ótimas. Aparece como cocos maioritariamente regulares de 0,8 μm para 1,5 μm de diâmetro com flagelação monopolar politrófica.
Cresce entre 70 °C (158 °F) e 103 °C (217 °F), com uma temperatura de crescimento ótimo de 100 °C (212 °F), e no pH entre 5 e 9 (com uma ótima de pH 7). Cresce bem em extrato de levedura, maltose, celobiose, β-glucanas, amido e fontes de proteína (triptone, peptona, caseína e extractos de carne), sendo muito lento, ou inexistente, em aminoácidos, ácidos orgânicos, álcoois, e mais carboidratos (incluindo glicose, frutose, galactose e lactose).
Sugere-se que oligossacarídeos com diversos graus de polimerização podem ser importados para a célula, e só depois hidrolisados a glucose.


Uso

Suas enzimas são extremamente termoestáveis. Consequentemente DNA Polimerase de Pyrococcus furiosus, são frequentemente utilizadas na reação de Polimerase em Cadeia P.C.R, com o respectivo nome de enzima conhecida como Pfu.


Descoberta

Foi originalmente isolado de sedimentos marinhos anaeróbicos aquecido geotermicamente, com temperaturas entre 90 °C (194 °F) e 100 °C (212 °F), coletados na praia de Porto Levante, Vulcano Ilha, Itália. Foi descrito pela primeira vez pelo Dr. Karl Stetter da Universidade de Regensburg, na Alemanha, e um colega, o Dr. Gerhard Fiala.


Nome Ciêntífico

O nome Pyrococcus significa "fireberry", em grego, para se referir a forma extremófila arredondada e capacidade de crescer em temperaturas de cerca de 100 graus Celsius. As espécies furiosus cujo nome significa "apressar" em latim, refere-se ao tempo de duplicação do extremófilo.

Curiosidade

Os extremófilos não são apenas organismos que sobrevivem a condições extremas mas também são organismos que por essa condição são bem peculiares tornando-os alvos de muita indagação.
Alguns pesquisadores acreditam que neles encontra-se a cura de diversas doenças ou que eles podem ser a resposta para diversas perguntas que barram o desenvolvimento de nossa ciência hoje. Em 31/10/2005 foi publicada uma reportagem na revista online www.ambientebrasil.com.br que trata sobre esse assunto.
Um extremófilo chamado Pyrococcus furiosus, que sobrevive a uma temperatura de 100°C, teve um gene selecionado e aplicado na planta Arabidopsis thaliana, criando uma planta geneticamente modificada com o objetivo de criar organismos trangênicos super resistentes capases de subsistir em Marte.
Leia abaixo a reportagem na íntegra:

31 / 10 / 2005 Biólogos buscam transgênico "marciano"

Financiado pela Nasa - Agência Espacial Americana, um grupo de biólogos está produzindo plantas transgênicas super-resistentes, num esforço para desenvolver formas de vida capazes de subsistir em Marte. Será bom tê-las à mão no futuro, caso a humanidade decida tentar dar ao planeta vermelho, hoje um vasto deserto árido, uma pitada de verde.

O trabalho acaba de ser premiado com uma segunda rodada de financiamento - no valor de US$ 400 mil -, como parte de um programa de desenvolvimento de conceitos avançados para exploração espacial bancado pela agência espacial americana. O grupo liderado por Wendy Boss, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, já tem até suas mudinhas de plantas geneticamente modificadas - mas ainda está distante de saber se conseguiu os efeitos desejados.

A idéia foi basicamente tentar transferir alguns truques usados por criaturas unicelulares do tipo "pau para toda obra" para as plantas. Os micróbios em questão são os chamados extremófilos, que vivem na Terra em ambientes tão improváveis para a vida quanto uma poça de ácido sulfúrico ou fossas profundas no oceano. E a receptora das "qualidades" eleita pelos cientistas foi a famosa Arabidopsis thaliana, a planta "rato de laboratório" favorita dos botânicos. O novo gene veio de uma criatura chamada Pyrococcus furiosus, um nome digno de um ser que vive mais feliz quando num ambiente com temperatura ao redor de 100C.

Os cientistas extraíram um gene responsável pela capacidade desse extremófilo de eliminar com mais eficiência os famigerados radicais livres (formas de oxigênio hiper-reativas que adoram destruir tudo quanto é molécula orgânica útil). Esses radicais são naturalmente produzidos pelo organismo quando suas células estão sob algum tipo de estresse - como a temperatura alta.

Mais eficiente - "Embora as plantas tenham enzimas que impedem a ação dessas substâncias, a enzima da P. furiosus faz isso com mais eficiência, sem produzir uma molécula adicional de oxigênio, e dessa maneira reduz o risco de produção de outros compostos contendo mais oxigênio tóxico", diz Boss.

Na primeira fase do experimento, já concluída, os cientistas introduziram o gene do extremófilo em células da planta e observaram que essas células de fato produzem a enzima capaz de controlar os radicais livres. Para a segunda fase, os cientistas incluíram uma bateria de novos genes de extremófilos: mais dois da P. furiosus e outros da criatura Colwellia psychrerythraea, que, ao contrário de sua outra colega extremófila, curte mesmo um frio de rachar (mais a cara de Marte).

Além disso, agora os pesquisadores não vão se limitar a testes com cultura de células. Vão também cultivar a plantinha em laboratório e ver se os efeitos celulares observados se traduzem em maior resistência para o organismo como um todo. "Ainda levará um a dois anos até que possamos investigar as plantas e caracterizar seu fenótipo ("resultado final" da planta, produto dos genes e da influência do ambiente)", diz Boss.

Para os vigilantes críticos da tecnociência, a pesquisadora envia uma mensagem de pacificação. "Caso seus leitores fiquem preocupados com a chegada das plantas transgênicas ao mercado, a resposta é não", diz. "É pesquisa bem fundamental mesmo."

Claro, ela não descarta a possibilidade de que a agricultura terráquea possa, no futuro, vir a se beneficiar de sua pesquisa. "Se nós acabarmos encontrando um efeito benéfico desse e de outros genes de extremófilos, então poderemos trabalhar com as pessoas que desenvolvem sementes para criar plantas seguras e ambientalmente razoáveis."

Para a agricultura marciana, então, as perspectivas são para um futuro ainda mais distante. "Neste ponto, microrganismos extremófilos encontrados na Terra provavelmente poderiam sobreviver em Marte, mas plantas, como as conhecemos, não", diz. "A Nasa nos pediu que sonhássemos 40 anos no futuro e meu palpite é que se passarão 20 a 40 anos antes que possamos ter algo como plantas que proliferariam em ambientes extremos como os de futuras estufas marcianas."

As principais "plantações" marcianas seriam contidas em estufas, onde o ambiente poderia ser mais benigno para elas e onde a "contaminação" do planeta poderia ser evitada. Elas serviriam também como fonte de oxigênio, absorvendo o gás carbônico exalado por astronautas, completando um sistema de suporte de vida ecologicamente controlado.

E quanto às possibilidades de uma futura "terraformação" de Marte, com plantações a céu aberto mirando o objetivo de tornar o planeta vermelho mais parecido com a Terra? "Eu pessoalmente gostaria que tentássemos algo assim", diz Boss, "mas só depois que os cientistas tenham catalogado as possíveis formas de vida existentes em Marte, feito modelos preditivos e detectado as possíveis conseqüências. Nada que seja para o futuro próximo." (Salvador Nogueira/ Folha Online)


Fonte: http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=21502 em 07/10/2009 ás 19:50